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quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Na noite de Natal com a C&A




Por vezes dizemos que não gostamos do Natal, que é uma época difícil, onde se gasta muito dinheiro, onde se vive a pressão dos presentes, da alegria constante, do comer até mais não.

Mas por outro lado, secretamente ou às claras, vivemos esta época com expectativa, com um brilho no olhar e com a sensação de que pertencemos a algum lugar.

Sim, a época natalícia é sinónimo de reunião. Estamos com a família de todos os dias e com pessoas que já não vemos há muito tempo, ouvimos histórias de sempre, recordamos memórias de infância… sonhamos com o antes e o depois. Falamos do novo ano que está para chegar. Abraçamos.



E para essa noite tão especial deixo algumas sugestões C&A















Que tenham um excelente Natal!

https://www.facebook.com/ca.portugal/


quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Sugestões Natal 2015 - MATTEL



A MATTEL divulga, todos os anos, uma lista de brinquedos essenciais para oferecer aos mais novos pelo Natal.

É uma honra ter sido convidada, pelo segundo ano, a apresentar essa lista.

Dela constam, entre outros, a Barbie Princesa Rock Star, que eu vou oferecer à Concha (ela não sabe ler e por isso posso dizer - mas ninguém lhe pode ir contar!!) ou a mais assustadora boneca Gooliope da Monster High, ou ainda a Pista Mega Vulcão da Hot Wheels e a Pista Naufrágio da Thomas e os seus Amigos. E, já agora, imensas novidades Fisher Price, dedicadas a diferentes idades e fases de aprendizagem.




Há muito por onde escolher e as nossas crianças vão AMAR. Afinal o Natal é delas!
Confesso que gosto de tudo, embora já olhe com menos atenção para os brinquedos de bebés. Mas as mães ou quem tenha pequeninos a quem oferecer, vale a pena espreitar. A lista está muito completa, recheada de brinquedos didácticos e imensa diversão.

Deixo-vos algumas sugestões. E vejam tudo aqui, com a informação específica para cada brinquedo.

Um excelente Natal!














sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Sugestões Natal 2015 - PISAMONAS



Porque fazem mesmo muita falta, andavam mesmo a precisar, porque não juntar o útil ao agradável e comprar sapatos de presente de Natal?

Eu já comprei e no melhor sítio de todos.

Imagino que já conheçam, mas vale a pena relembrar.

Uma loja online, espanholita, mas que já tem representação em Portugal: A PISAMONAS

Com…

- sapatos de criança e também alguns modelos de adulto, com muito boa relação qualidade/preço;

- envios, trocas e devoluções grátis;

- os sapatos de sempre, mas também as últimas tendências – comprei uns Oxford shoes para a Concha mais em conta do que na Zara Kids e giros que doem!!;

- uma enorme variedade de cores e tamanhos;

- um site simples de perceber e entregas rápidas – excelente experiência de compra online – os meus chegaram de um dia para o outro!!!

A Pisamonas tem sapatos mais elegantes para todas as festas desta época e, por ter a vantagem de se poder fazer trocas e devoluções no período de 1 mês, torna-se sem dúvida uma óptima opção para prendas de Natal.





Não posso mostrar ainda a Concha e o Vicente com as minhas escolhas, porque são presentes. Mas deixo-vos umas fotos que vos vão dar cá uma vontade de encomendar todos. Há distância de um clic e ainda a tempo do Natal!





Merceditas brilho com laço

Sabrinas iguana

Merceditas com fecho pulseira

Sapatos estilo inglês

Sapatos de carneira


Sapatos Pepito tipo camurça



Bluchers de camurça


Sapatos de carneira

Ténis de veludo


Mocassins de camurça




Beijos e abraços!

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Sugestões Natal 2015 - TUA.PT.STORE



Vamos lá espevitar! Já chegou Dezembro e eu ainda não tinha aqui escrito nada.

Vamos lá receber o espírito com muitos oh oh ohs.

Que venha de lá o frio – se tiver mesmo de ser - o cheiro das lareiras, as iluminações de rua, as árvores de natal num hipnótico pisca-pisca, os embrulhos coloridos e o brilho nos olhos das crianças. 

E claro…a azáfama dos presentes! 

Todos os anos prometemos reduzir a lista de presentes e oferecer apenas um miminho, uma lembrança, vá! “Desta vez vai ser só para os pequeninos”. Sim, todos temos esta ideia muito estabelecida na nossa cabeça - O Natal é das crianças.

Mas… todos os anos não conseguimos cumprir com o prometido! 

E lá vamos nós comprar e sempre com a ladainha do costume - todos-os-anos-é-a-mesma-coisa-porque-é-que-deixo-tudo-para-a-última?! 

Mas deixamos. É que deixamos MESMO. Se calhar também faz parte da tradição! Filas, falta de ideias, produtos esgotados, o caos.

Mas querem ouvir a minha sugestão??

Há uma loja, Top, chamada TUAPTSTORE

Além de ter coisas giríssimas, conseguimos encontrar presentes para as crianças, para as amigas, para os amigos, para toda a família! Tudo num só espaço! E para além de terem showroom em Coimbra (de visita obrigatória!), vendem online e entregam onde quisermos! E as meninas são super simpáticas! Na companhia de um café saímos da TuaptTore com as compras feitas! Sem filas, sem falta de ideias e sem caos! Eu só lá demorei duas horas…mas foi pela converseta que não podia ser melhor.

Selecionei um conjunto de artigos que acho que vão adorar. Para homem, senhora, menino e menina! 

Boas compras! ;)



E se por lá passarem, levem-lhes um beijinho meu!




Ver aqui

Ver aqui

Ver aqui

Ver aqui







https://www.tuaptstore.com/

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Sugestões Natal 2015 - Ai! Perdi o meu nome!



Há uns anos comprámos um cd para o Manel, em que as músicas tinham todas o nome dele. Achei que era uma ideia espectacular e ainda hoje faz  o delírio dos mais pequenos.
Então quando vi estes livros achei logo que era um presente fabuloso. Os meus mais novos vão adorar ter cada um o seu livro, um livro MUITO especial.

Já é um bestseller no Reino Unido, Austrália e Canadá, agora vamos ver como vai ser recebido por cá. Eu acho que só pode correr bem. Cada criança poder ter um livro personalizado é fantástico. Já viram o que é ter um exemplar único, criado especificamente para cada pequeno leitor?

O livro conta a história de uma criança que perde o seu nome e que parte numa aventura para o recuperar. Vai de letra em letra - as letras do seu nome - até chegar ao fim, acompanhado por personagens mágicas,

As ilustrações são de Pedro Sarapicos, o único português a integrar a equipa Lost My Name.

O livro está indicado para crianças dos 2 aos 7 anos e o envio internacional é gratuito.

https://www.lostmy.name/pt-PT







quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Sexo...and it's just fine



Depois de ter escrito este post (e mais este, já agora), nunca mais se falou de sexo por aqui. Hoje é o dia.

Na última vez em que se abordou este tema, uma pergunta ficou no ar: 

Se há amor, forçosamente há desejo? 


Começo por vos apresentar Esther Perel, terapeuta de casal e autora do bestseller Sexo no Cativeiro, que centra o seu estudo na psicologia por trás do sexo.

Esta reflexão surge precisamente a partir de leituras e visualizações que fiz de textos e vídeos desta autora.

No ideal romântico que temos hoje em dia sobre as relações a dois, queremos que uma só pessoa preencha todas as nossas necessidades,que seja um tapa buracos para resolver situações para as quais noutros tempos seria preciso "toda uma aldeia”.

A terapeuta faz-nos pensar sobre o paradoxo em que vivemos - amor e desejo. A luta entre a necessidade que temos de segurança, de laços duradouros, de previsibilidade, de estabilidade, de dependência, de permanência...as âncoras que precisamos, que desejamos, que queremos ter na nossa vida e o risco, a aventura, a audácia, o mistério, a novidade, o desconhecido...a viagem que também ansiamos ter a possibilidade de experimentar.

Como conciliar duas forças tão poderosamente opostas? Duas forças que muitas vezes se repelem. Soa a uma aparente contradição.

Queremos do outro a estabilidade, a segurança, a previsibilidade, o "poder contar com"...no fundo uma identidade, algo a que podemos chamar de "lar"... mas também queremos o desconhecido, o abismo, a loucura. Queremos que o outro seja o nosso melhor amigo, o confidente e simultaneamente o amante apaixonado, o fulano ou fulana da one night stand. Será possível? Será viável?

As pessoas sentem-se mais atraídas pelo parceiro quando ele não está, quando sabe que não o podem ter, quando a imaginação é usada mais frequentemente, quando se anseia pelo reencontro e se espera. Sim, a espera e a antecipação activam o desejo. E o uso da imaginação é a força mais poderosa de todas. É o que nos distingue dos animais. Os animais têm sexo, nós temos uma vida erótica, sexual. Porque usamos a imaginação. Também há mais desejo quando vemos o outro "no seu melhor", ou seja, mais confiante, independente, a brilhar com uma luz própria. Isso acende também, sem dúvida, a chama, põe a trabalhar a engrenagem do erotismo.

Temos de manter então uma distância do outro, para que se olhe para ele de longe e se veja um outro menos familiar, mais misterioso, mais esquivo, que não é um dado adquirido. Então, mesmo nas relações a longo prazo é preciso dar espaço, o espaço individual que é necessário para que o desejo se reacenda uma e outra e outra e outra vez. Há que olhar com novos olhos para a pessoa de sempre. 

No desejo não estamos dependentes do outro, não precisamos dele, não temos de cuidar de ninguém.

O fazer sair cá para fora o nosso pai ou mãe interiores é algo muito importante no amor, mas muito arriscado para o desejo. Desejamos quem nos quer, mas não quem precisa de nós. No amor temos um desejo secreto que o outro precise de nós, mas no desejo aspiramos ter alguém completamente auto-suficiente. É aquela coisa do empoderamento, ou do empowerment, que nos dá a volta à cabeça.

O desejo está associado à novidade. Curiosamente isto pode ser mal interpretado. Podemos achar que essa novidade só é encontrada numa relação extra-conjugal. Não, não precisamos disso para encontrar a novidade, nem a novidade tem a ver com uma série de novas técnicas ou novas posições sexuais. A novidade tem muito mais a ver connosco do que com o outro, com fazer surgir novas partes de nós mesmos, no encontro com o outro, com novas coisas que queremos expressar. Temos de olhar para nós, mais do que olhar para o outro e pensarmos e questionarmo-nos sobre aquilo que nos faz perder o desejo ou, pelo contrário, conectarmo-nos com esse desejo. É estarmos connosco próprios, na presença do outro. É estarmos no nosso corpo, dentro da nossa cabeça e não continuamente no corpo e na cabeça do outro. O desejo é mais egoísta e isso não tem de ser mau.

Para vivermos o desejo tempos de estar seguros. A ansiedade, o medo do julgamento do outro, de não correspondermos às expectativas, o medo de perder o outro, faz-nos ser incapazes de brincarmos, de usarmos a imaginação, de explorarmos.

É importantíssimo percebermos que a paixão funciona por fases, aumenta e diminui, como a lua. E tem de ser trabalhada para ser trazida de volta. O mito da espontaneidade também é perigoso, como se o desejo devesse simplesmente cair-nos em cima quando estamos, por exemplo, a estender a roupa lavada ou a lavar a loiça do jantar. 

E temos de estar seguros de que o desejo e o erotismo são de uma ordem diferente e que isso é mesmo assim, é natural. É no fundo ter a capacidade de ali, naquele espaço, nos afastarmos da responsabilidades e entrarmos num outro universo. Basicamente poderíamos dizer que aquilo que nos excita à noite é aquilo que condenamos durante o dia. A mente erótica não é politicamente correcta, and it's just fine.






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quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Tomates, tomates, tomates



O título pode ainda não vos dizer grande coisa, mas tenho a certeza de que muitas mães se vão identificar bastante com o que vão ler. Bom, não precisam de ser mães…podem ser educadoras de infância, professoras, tias, madrinhas, irmãs, avós, amigas… À partida, se houver uma criança metida na equação, nomeadamente uma criança entre os 3 e os 12 anos, vão saber bem do que falo.

De facto, há uma empresa alemã sediada em Portugal, um supermercado (mais vale dizer logo que é o Lidl, porque todos sabem que é a essa grande superfície que me estou a referir – e é bom que saibam também que esta publicidade gratuita deveria fazer-me render muitos, muitos pontos), que conseguiu a proeza de durante dois meses e pouco pôr toda a gente a falar de frutas e vegetais, peluches, pontos, cadernetas, cartas… e em total desespero mães e pais (não, não podem dizer que sou só eu que não acredito).

Se houver alguém por aí que tenha estado hibernado ou meio adormecido, eu explico. O Lidl criou a campanha Gang dos Frescos, cheia de peluches super fofinhos, todos vitaminados. Mas é uma promoção? Sim….não? Segundo a Wikipédia, a nossa melhor amiga, promoção “é qualquer ato que venha a elevar o status de um produto, individuo, situação, empresa, etc. (…) é um ramo direto da publicidade, do marketing, de relações públicas…”. Ok, o Lidl criou uma promoção que foi um excelente golpe publicitário e lhe rendeu uns belos euros a mais – e é assim que os alemães combatem a crise.

Mas oferecem alguma coisa, perguntam vocês? – sim, é que nas nossas cabeças numa promoção ganhamos qualquer coisa, temos direito a um desconto ou até se levam dois produtos pelo preço de um… Mas, neste caso, não acontece nada disso…Então, o que acontece? Eu ajudo.

Por cada dez euros em compras recebe-se 1 ponto (e 4 cartas para coleccionar). Ao fim de 6 pontos, ou seja, de 60 euros gastos, pode-se ficar com um boneco com a forma de fruta ou vegetal. Mas isso é porreiro pá!, diz alguém que andou mesmo hibernado. Pois…sim….esqueci-me de dizer que ainda temos de pagar 9.99 para ficar com o peluche e fazer a nossa criança feliz. Ou então gastamos 120 euros em compras (12 pontos) e desembolsarmos “apenas” 2 euros e 99 cêntimos (sempre adorei a magia dos preços a acabarem em 99 cêntimos) para levarmos connosco um dos presentes mais desejados dos últimos tempos. Mas então, nunca é de graça? Deixem-me pensar…ahhhhhh, não. E pode-se chegar lá e simplesmente comprar o peluche e ficarmos livres do choro histérico dos nossos amores mais pequeninos? “Eu quero o mirtiloooooo, eu quero a laranjaaaaaaaaaaaaaaa”… (choram por oito bonecos diferentes). Não, também não se pode chegar e comprar e acabar logo com o suplício. Tem sempre de se fazer, pelo menos, 60 euros em compras primeiro. Começam a acompanhar o meu raciocínio?

Se isto ao menos fizesse os nossos bem-amados filhos terem mais vontade de comer tomates, ervilhas, cogumelos e laranjas seria uma boa estratégia. Qual quê? Eles não são assim tão fáceis de enganar. Querem os peluches e é já. Ou é só, se calhar. Supostamente há um fundo humanitário e proactivo importantíssimo nesta campanha. É didáctica. Até há uma caderneta que adverte sobre os bons e maus hábitos alimentares… que, já agora, também tem de se pagar. Mas o tempo que deveríamos gastar a explicar-lhes que o sal faz mal ao coração; que os vegetais não devem faltar nem no almoço, nem no jantar; que o peixe é melhor do que a carne; que os mirtilos curam doenças da boca pelo seu poder desinfectante e anti-inflamatório; que o tomate tem muita vitamina C, que previne a artrite e a aterosclerose…é o tempo que temos para os consolar e explicar que é impossível terem os peluches todos, que isso implicaria ir todas as semanas, pelo menos uma vez, ao outro lado da cidade e deixar por lá todo o dinheiro da carteira, dos bolsos e dos cartões de crédito e sem ser de crédito. 

É que ainda por cima nem sequer temos uns 6 meses para gerirmos a crise. Começou no dia 1 de Setembro e termina já a 8 de Novembro. E por mim falo, já estou com palpitações só de pensar que só vou conseguir dar-lhes três peluches, no máximo. As minhas alunas até já me avisaram para eu não me preocupar – “Sem stress Professora, eles estão à venda no Olx e no ebay!”. Grande Lidl. E o burro sou eu?, como diria o outro.

Este assunto é sério, acreditem. Este último mês não tem sido fácil. Parece que no ano passado também houve esta campanha, mas consegui sair ilesa. Desta vez não tive como escapar – malditas escolas onde se aprende o que não se deve.

Tendo tomado conhecimento dos factos este ano, os artistas cá de casa começaram logo a pedir e a pedir e a pedir. E o pedir é como o coçar, o difícil é começar. E eu pensei cá para mim “um só não vai fazer mal” e arranjei-lhes o tomate. Três a disputar o tomate, my God! Tenho de arranjar pelo menos mais um, decidi de imediato. Pelo menos não se matam. Alguma vez na vida eu pensei passar por isto? Ver os meus filhos a degladiarem-se por causa de um tomate? Então veio o cogumelo, bem engraçado, por sinal, que acalmou os ânimos, mas por muito pouco tempo. “A Teresa tem o mirtilo e a Constança a ervilha e ninguém tem a laranja, sabias?”. E todos os dias quando os acordava, a primeira coisa que o Vicente me dizia, antes mesmo de um alegre “mamã, bom dia!”, era “é hoje que vais buscar a laranja?”. E quando os ia buscar ao colégio, não parava de perguntar “Já tens a laranja? Vamos agora comprar?” Socorooooooo. E como a mãe é muito pouco esperta – assumo-o aqui perante tantos leitores – em vez de ficar caladinha, como uma boa menina, e ir dizendo apenas “sim, sim, pois, pois…qualquer dia”, lembrou-se de comentar “ai sim, mas a maçã não é muito mais gira?”. Resultado: passaram a querer a laranja, como até aí, mas agora também, pelo menos, a maçã. “Mas se conseguires, por favorrrrr, traz também o Mirtilo e já não pedimos mais nada”, até daqui a pouco, claro. Boa Sofia, muito bem, bom trabalho! As mães são mesmo tontas, até eu me espanto. E lá fui eu telefonar para a minha mãe “Arranja-me os pontos aí do Alentejo, preciso tanto”.

Aqui em casa não se fala de outra coisa, não se pensa noutra coisa e, até diria mais, não se sonha com outra coisa. Querem ver? Vou-vos dar dois exemplos que explicam o estado em que os meus ricos filhos andam. O Manuel fala a dormir. Não se levanta da cama, não faz coisas estranhas, mas fala que se farta. Uma destas noites, ainda estava eu acordada, oiço-o a falar e ainda apanho o fim do que aparentava ser um diálogo “Queres o tomate? Ai queres o tomate? Agora não te dou!”. Sim, ao menos com ele sabemos o que o anda a preocupar. Já o ouvi falar de bulhas, já gritou que não queria jantar. Isto só me confirmou os meus piores receios. Esta campanha está tão bem feita que consegue chegar aos sonhos dos nossos filhos, tomando a forma de pesadelo. Perigosíssimo! 

Duas noites depois tirei a prova dos nove…da pior maneira possível. Tenho a certeza que agora vão ficar mesmo do meu lado. A Concha passou a noite neste fado “O meu tomateeeeee, perdi o meu tomateeeee” e eu passei a noite a levantar-me e ir à procura do raio do tomate dela, no escuro. Devolvia-lhe o tomate, voltava para a cama tropegamente, para uma hora depois ouvir de novo a mesma ladainha “Não sei do meu tomateee, mãeeeeeeeeee”. Às tantas peguei-lhe bruscamente, gentilmente e levei-a para a minha cama. Dormimos o resto da noite descansadinhas, abraçadas ao tomate.

Tenho ou não tenho razões para andar cansada, com os nervos em franja e num frangalho? Se ao menos uma vez, uma vez somente, eu lhes pudesse dizer “vai chatear a tua mãe!”, mas não posso. A mãe sou eu!!!!



Por acaso não se arranjam por aí alguns pontinhos?





terça-feira, 20 de outubro de 2015

Os psicólogos também chocam de frente


Há uns tempos li um título bastante sugestivo – realmente não há nada melhor do que um bom título – “As fadas  também tomam Prozac”. Na altura não li o artigo, confesso, mas o título não me saía da cabeça e, embora sem me aperceber do erro, fiz uma interpretação minha do título original. Sempre que pensava nele era “As princesas também tomam Prozac”. A ideia de as princesas dos contos de fadas e mesmo de as princesas reais, cujas vidas imaginamos perfeitas e até invejamos, precisarem de medicação, por sofrerem, por não aguentarem as exigências da “profissão”, por não se sentirem capazes de honrar as expectativas que recaiam sobre elas, fazia-me todo o sentido. E houve um dia em que se fez o clique. Era sobre isso que queria escrever: os psicólogos também tomam Prozac – quem diz Prozac, diz Diazepam e Sertralina, mas, convenhamos, não tinha a mesma pinta. Contudo, como não queria levar emprestado um título que não era meu, surgiu-me um substituto, que se enquadrava perfeitamente na ideia que queria transmitir. Podia não ser tão bonito, mas era verdadeiro: Os psicólogos também descarrilam. Uns dias depois, ao falar com uma psicóloga amiga sobre um determinado assunto, dizia-me ela, “não é bem um descarrilamento, é mais um acidente. Um acidente inesperado, como uma crise imprevisível, onde se chocou de frente numa colisão brutal, se partiram as duas pernas, onde há sangue por todo o lado, estamos em choque e a tentar processar o que nos aconteceu, olhando pelo lado de fora para aquele cataclismo, como se não fosse da nossa vida que se tratasse”. E o título simplesmente surgiu. Os psicólogos também chocam de frente. A 180 à hora, contra muros de pedra, paredes de cimento, contra camiões cisterna. Também entram em coma, colapsam, também querem largar tudo da mão, também sentem que não têm forças para continuar, para resistir, para aguentar a pressão.
Escolhi os psicólogos, porque sou psicóloga. Também poderia ter escolhido os professores, porque também sou professora. Ou as mães, porque sou mãe, 4 vezes mãe. Podia até ter escolhido as princesas, embora já só seja uma princesa aos olhos dos meus filhos, ou porque ainda me recordo dos dias em que acreditava ser uma princesa.
O que quero dizer é que há profissões, há papéis sociais que desempenhamos que nos obrigam a ser um exemplo diário, de força, determinação e virtude. Uma mãe não pode chegar um dia e dizer simplesmente “não aguento mais, chega, não quero mais ser mãe!”; uma educadora de infância não pode aparecer um dia sem aquele sorriso rasgado na cara ou a sua paciência infinita; uma política não pode tirar fotografias onde apareçam mais uns centímetros de pele do que os aparentemente estipulados como permitidos, nem pode mostrar a barriga de grávida… Um psicólogo não pode deprimir, não pode não se conseguir ajudar, desistir. É que somos exemplos, vistos como seres perfeitos, sem defeitos, sem pecados. E se até o psicólogo “descarrila”, o que acontecerá com os comuns mortais? Como é que ele pode ajudar outros, se não consegue ajudar-se a si mesmo?
Temos de parecer, mais do que ser. E ninguém quer realmente saber da vida difícil das mães, das princesas, dos psicólogos,dos professores, dos políticos… Tal como os anjos não têm sexo, é como se estas pessoas não tivessem vida. Não lhes é permitida a condição humana.
Nós somos um pouco voyeuristas e encontramos algum tipo de prazer sádico e retorcido na tristeza dos outros ou, para não parecer tão mal, posso simplesmente dizer que a tristeza dos outros, principalmente dos sobrehumanos, torna “os outros” mais humanos… essas crises dos “intocáveis” justificam as fragilidades de quem não tem esse estatuto.
Um médico fuma, embora diga aos seus pacientes para não fumar. Um médico também adoece de uma doença física e morre, não há como escapar, a menos que seja atropelado, assassinado, que caia de um 10º andar… Mas quem não ouviu já dizer “ele está doente? Mas é médico!”.
E os psicólogos também são pessoas, com vida pessoal, com acontecimentos traumáticos, com crises de vida, umas esperadas e outras totalmente inesperadas. Também sofrem, também desesperam e também não encontram em si todas as respostas e todas as estratégias para lidar com os males do mundo e com os seus próprios males. Sofrem pela vida dos outros. Sofrem pela sua própria vida. E por vezes precisam que os ajudem. Os psicólogos também precisam de tempo para se restaurar, para colar os pedacinhos partidos, fazer terapia à alma e reaprender a amar, principalmente a gostarem mais de si próprios. E acreditem, essas experiências, tão humanas, só os tornarão mais entendedores do sofrimento alheio, não mais fracos ou mais incapazes.
Um dia alguém chocou de frente, entrou em coma, deixou de conseguir funcionar, deixou de conseguir trabalhar, de cuidar dos filhos, perdeu o interesse por tudo. Quase desistiu. Aos poucos foi aprendendo novas estratégias, foi descobrindo o que estava a ser ou não tóxico na sua vida, foi encontrando novas formas de lidar com o acidente e criando uma nova identidade, a partir das cicatrizes deixadas, mas não deixando que essas cicatrizes fossem o que o/a definissem. O Prozac pode ter ajudado. Que eu saiba, não é crime tomar medicação, nem vergonha, nem uma maldição. Pode ter sido uma mãe, pode ter sido um professor, pode ter sido um psicólogo… Pode ser qualquer um. Pode ser qualquer pessoa. Porque um dia, todos podemos chocar de frente.





Obrigada Maria Capaz. Obrigada a todos os que partilharam, que deixaram comentários maravilhosos, que fizeram like.



terça-feira, 4 de agosto de 2015

O teu futuro é hoje



Futuro. Presente. Passado. Por vezes meio desfocado, porque as memórias formam borrões e distorcem um pouco a realidade. Já pensaram que só vemos o que queremos ver?
Futuro. Presente. Passado. Todos temos uma mala que carregamos connosco, uma bagagem por vezes demasiado pesada, algumas curvas sinuosas com sabor a fado.
Quando nascemos, nascemos sempre da estória de alguém. Chamemos a isso amor, acaso ou continuidade. E no fim faremos sempre parte de uma estória maior e teremos sempre também a nossa própria estória, um enredo-que-podia-ser-um-filme, com mistura de açúcar e sal. De facto, a vida é feita de múltiplas narrativas que se entrecruzam, que se interligam, que coexistem. Para o bem… e para o mal.
Vivemos quase sempre como se fossemos personagens de um livro já escrito, um guião dominante do qual não podemos fugir nem escapar. Nunca deram por vocês a pensar “Quero mais, quero tudo, quero o que ainda não veio, o que ainda não chegou, se atrasou… não pode ser tarde demais!”?
Muitas e muitas vezes, vezes sem fim, deixamos escapar outras leituras, outras construções, outras possibilidades. São as nossas estórias alternativas. As que deixámos na sombra, por não encaixarem, por parecerem desgarradas do resto, por sentirmos que não as merecíamos, porque tivemos medo, ou simplesmente porque não demos por elas.
Se resgatarmos estas estórias podemos criar outros caminhos, outras conclusões, outros finais.
Se olhares para o passado é para pensares no que ainda te falta fazer, li algures. E eu acrescento, se olhares para o passado é para olhares com atenção, para aqueles momentos em que o guião podia ter sido outro, que foi outro, mesmo que por breves instantes. Pensa no que foi diferente, no que podia ter sido diferente, no que podes ter deixado escapar. Mas olha bem, sem medo. Usa o que podes. Usa o que tens. E pensa que o pior cego é mesmo aquele que não quer ver.
Não esperes que a vida se resolva sozinha. Tu és tu e as tuas múltiplas encruzilhadas, as tuas múltiplas lentes, as tuas múltiplas verdades. O teu multiverso – seja lá isso o que for.
Não esperes que a vida se resolva sozinha. Não queiras ser apenas feliz no futuro. O futuro é agora. O teu futuro é hoje.




Este foi o segundo texto que escrevi para a Maria Capaz e que saiu hoje mesmo. Mais um orgulho.

sábado, 1 de agosto de 2015

Joana Bento Photography Take II



Arriscar é o nome do jogo.
Arriscar colocar o destino nas nossas próprias mãos.
Que corajosos somos quando fechamos o ciclo e nos permitimos ser felizes de novo.
O mais importante de tudo? Gostarmos de quem somos no final de mais um dia.
O maior amor de todos? O amor próprio.



Ouvir aqui



















Fotógrafia: Joana Bento
Make up: Kris
Corte e coloração: Marisa Imagem

ver também: http://avidaa4d.blogspot.pt/2015/07/joana-bento-photography-take-i.html

"AVC em crianças, casos raros, mas reais"

Por ser cada vez menos raro, porque as crianças não estão imunes, porque já passámos por isto, não posso deixar de partilhar.
Estou a passar uma fase particularmente difícil com a mudança de escola, de uma escola mínima para uma escola enorme. Vai para o 10. ano e a 1 mês de fazer 4 o nosso mundo foi abalado como um tsunami - e tinha outro filho com 7 meses na altura. E de repente eu desdobrei-me em duas, desdobrei-me em dias, em muitas e realmente quase com dupla personalidade. E não, nunca recebi sequer um cartão ou um ramo de flores do meu local de trabalho. Tinha um filho com 7 meses que cresceu mais por sua conta e risco, porque estávamos todos focados na doença e nas sequelas. E é o meu filho mais sensível, o que tem alma de artista. E também estivemos a fazer o luto por uma melhoria que nunca iria chegar. Só que sem flores e sem condolências. O luto do filho imaginário, que foi real durante 3 anos e 11 meses, para o filho real, que era um novo filho. Só para que tenham uma ideia, um miúdo que aos 3 anos escrevia o nome todo com a mão esquerda, que fazia tudo à esquerda e que ficou com o lado esquerdo paralisado. 
O Afonso tinha uma artereopatia intracraniana, que com o tempo ia acabar por se resolver. Mas o tempo não deu tréguas e antes disso presenteou-o(nos) com um avc isquémico, um ait, um diagnóstico chamado MoyaMoya e a inevitabilidade de uma morte prematura, horrível. Já em Santa Maria a certeza de que não era isso, a incerteza do que seria. Foi uma médica em Londres que fez o diagnóstico. O problema do Afonso era essencialmente físico/motor. E começaram anos de reabilitações que não resultaram em nada.
Mesmo assim foi submetido a testes psicológicos, e acabou por entrar mais cedo no 1. Ciclo.
As sequelas físicas não vão desaparecer. Nunca. Parece uma coisa menor, não parece? E até é. Mas custa mais do que possa parecer. Se ficaram outras sequelas, outras formas de ser, nunca saberemos. Se ele é mais desligado e apático em relação a tudo o que não lhe interessa, por causa do avc, ou simplesmente por ser uma característica dele, nunca saberemos. 
A parte mais triste é a ignorância e a falta de humanidade de algumas pessoas, curiosamente das mais crescidas. Uma das coisas que já me marcou muito? Uma mãe que foi falar com a professora de educação física por não perceber como é que o meu filho tinha tido 5 e a dela só 4. Há planos individualizados, sabem? E mesmo que não soubessem, tinha feito muito melhor figura se tivesse ficado calada. Será que ela não parou um minuto para pensar que eu daria tudo para que fosse ao contrário?
Cada nova etapa é um medo cá dentro. Cá dentro do coração da mãe. Ele está desejando de voar.
O Afonso teve 3 a Matemática no exame de 9. Ano e 4 a Português. Os serviços de psicologia e orientação dizem que tem um excelente desempenho intelectual e um desempenho mnésico com excelente performance. Mas isso não se nota nas notas. Um 3 é mais do que suficiente para ele. Talvez não tenha espaço mental, como os psicólogos têm a mania de dizer, para pensar nas coisas da escola, quando a cabeça dele é povoada por dúvidas e interrogações e outros interesses. Se estas incongruências se devem ao avc? Temos de aceitar que NUNCA saberemos.

Tenho medo do bullying, tenho medo do futuro. Mas o meu maior medo é que vos aconteça a vós e que não estejam preparados. Tinha 28 anos e olhei para isto tudo como um boi para um palácio.
Por isso partilhem, divulguem. Dêem a conhecer doenças raras, que de raras têm cada vez menos.

Bem-hajam




Mil obrigadas por todos os comentários LINDOS que me deixaram no facebook.

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